sábado, 23 de novembro de 2013

Turma da Mônica contra o câncer infantil



Se para um adulto já é difícil  enfrentar o câncer, imagina para uma criança que não sabe direito o que está acontecendo? É uma fase muito dolorosa e difícil, pois o paciente tem que, muitas vezes, em razão do tratamento, se afastar do convívio familiar, escolar e social. A possibilidade eminente da morte além das alterações físicas em razão das sequelas do tratamento castiga o doente e todos que convivem ao seu lado.

O Dia Nacional de Combate ao Câncer infantil, em 23 de novembro, é uma data importante para as crianças portadoras da doença, assim como para seus familiares e principalmente para a AACC – Associação de Apoio à Criança com Câncer, que há 24 anos atua neste segmento. 

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), com base em referências dos registros de base populacional, são estimados mais de 9 mil novos casos de câncer infanto-juvenil por ano, no Brasil. O instituto ainda informa que o desenvolvimento do câncer na infância progrediu nas últimas décadas. Estima-se que cerca de 70% das crianças com alguma espécie de câncer podem ser curadas se a doença for diagnosticada rapidamente e tratada de forma correta, em centros especializados.

Segundo especialistas, além de tratamento adequado e especial, crianças com câncer necessitam receber atenção incondicional, pois a cura depende diretamente da recuperação biológica, bem-estar e qualidade de vida do paciente. Neste caso, a criança e sua família devem ter suporte psicossocial, para se relacionar bem com diferentes setores da sociedade. Neste contexto, a AACC se destaca como instituição que fornece assistência a atende pacientes e acompanhantes vindos de todas as partes do País e até do exterior em busca de tratamento em São Paulo.

Somente no primeiro semestre deste ano, a entidade realizou cerca de 300 atendimentos em sua sede, recebendo crianças e adolescentes com câncer, além de acompanhantes e visitantes dos pacientes. O número aponta um crescimento de aproximadamente 4% nos atendimentos em relação ao mesmo período de 2008. A instituição ainda prevê atender mais de 50 pessoas até dezembro de 2009, totalizando cerca de 400 atendimentos neste ano.

A AACC conta com uma equipe de 20 funcionários e 120 voluntários e registra, hoje, mais de mil doadores mensais, entre eles pessoas físicas e empresas. A instituição fornece assistência gratuita a crianças e adolescentes com câncer, com idade até 20 anos, além de tratamento adequado à doença e serviços como alojamento, alimentação, vestuário, transportes, medicação, próteses, suporte educacional, tratamento psico-pedagógico, social, existencial e lazer.

Frequentemente, a entidade realiza diversas atividades para arrecadar fundos e manter o bom funcionamento de sua sede. Neste ano, a associação já realizou alguns eventos, como o bazar beneficente no campus Memorial da Universidade Nove de Julho (UNINOVE); a tradicional Festa Junina, no Clube Pinheiros; o bazar beneficente no Hospital do Servidor Público Estadual; e o jantar beneficente no Bar Chopp do Miguel, em Moema.

Além disso, a associação apoiou o III Congresso Brasileiro de Neuro-Oncologia e a  primeira edição da Meia Maratona das Pontes. A entidade também ministrou mais um curso de voluntariado e fechou novas parcerias.

A sede da AACC está localizada na Rua Borges Lagoa, 1603, em São Paulo. As portas da entidade sempre estão abertas para visitas e doações. 


Serviço: www.aacc.org.br

sexta-feira, 22 de novembro de 2013






À querida aniversariante: 

Parabéns por teres alcançado, 
Mais uma nova idade, Cybelle! 
Agradeça por tua paz e saúde, 
Lendo a Bíblia e por ela, zele! 

Continues sendo quem tu és: 
Um doce como mel de abelha; 
Um ser com temor a Deus, 
Uma alma da família Gadelha. 

Filha com preceitos religiosos, 
Um ente que lê Jesus bondoso; 
Que adora seus pais amorosos 
E é amada pela estirpe Veloso. 

Que Deus cuide sempre de ti! 



Lucinaldo Martins
Agradeço ao amigo e poeta, pela homenagem carinhosa.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Ressocialização: Semana Cultural Paulo Freire



Novos horizontes

ANDRÉ CARDOSO GOMES, interno do Presídio João Bosco Carneiro em Guarabira produziu cordel durante a Semana Cultural Paulo Freire Realidade e desafios de uma vida, este é o título do cordel escrito pelo reeducando do Presídio Padrão João Bosco Carneiro, em Guarabira, André Cardoso Gomes, que é estudante do oitavo ano do Programa de Educação de Jovens e Adultos, que é ligado à coordenação da educação em prisões, da Secretaria Estadual de Educação (SEE). 


O livro, que foi lançado durante a Semana Cultural Paulo Freire, foi produzido pela Secretaria de Administração penitenciária (Seap). O livreto de cordel relata a história de vida do autor, que resgata lembranças da sua infância na casa dos avós, quando segundo ele, foi uma época feliz, quando o mesmo era bastante dedicado aos estudos e se destacava na sala de aula. Em outra parte, o autor relata a sua inserção ao mundo do crime, quando o seu pai foi assaltado e ele matou os dois assaltantes e pouco tempo depois foi parar na prisão. 



O reeducando André Cardoso Gomes, que é autor do cordel, agradeceu a oportunidade de publicar a obra: “Sou agradecido a todos que me deram inspiração e também contribuíram, dando a sua opinião para que eu pudesse expressar as minhas ideias”.

Sobre o autor – Natural de João Pessoa, André Cardoso Gomes tem desenvolvido a sua escrita na literatura de cordel. Por ocasião do Projeto Ano Cultural Paulo Freire, ele apresentou o cordel que a relata a sua experiência de vida e o seu conhecimento adquirido em sala de aula, no Presídio João Bosco carneiro, em Guarabira.


Fonte:WSCOM

domingo, 17 de novembro de 2013

...

" quando na realidade o amor é uma coisa tão simples... Veja-o como uma flor que nasce e morre em seguida porque tem que morrer. Nada de querer guardar a flor dentro de um livro, não existe nada mais triste no mundo do que fingir que há vida onde a vida acabou."

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Lygia Fagundes Telles


sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Você não entende nada



"Você tem que saber que eu quero correr mundo
 Correr perigo
 Eu quero é ir-me embora 
Eu quero dar o fora 
E quero que você venha comigo
Todo dia"


Cateano Veloso

domingo, 10 de novembro de 2013

Transtorno de Personalidade HISTRIÔNICA: CID 10 - F60.4

"O Transtorno de personalidade histriônica (TPH - CID 10 F 60.4) é definido pela Associação Americana de Psiquiatria como um transtorno de personalidade caracterizado por um padrão de emocionalidade excessiva e necessidade de chamar atenção para si mesmo, incluindo a procura de aprovação e comportamento inapropriadamente sedutor, normalmente a partir do início da idade adulta. Tais indivíduos são vívidos, dramáticos, animados, flertadores e alternam seus estados entre entusiásticos e pessimistas. Podem ser também inapropriadamente provocativos sexualmente, expressarem emoções de uma forma impressionável e facilmente influenciados por outros. Entre as principais características relacionadas estão egocentrismo, desorganização egóica, auto-indulgência, anseio contínuo por admiração, e comportamento persistente e manipulativo para suprir suas próprias necessidades. 

  • CARACTERÍSTICAS

        Pessoas com este transtorno em geral são capazes de conviverem normalmente e às vezes alcançarem sucesso profissional e baixo índice de sucesso social. Indivíduos com transtorno de personalidade histriônica geralmente possuem bons dotes sociais, mas tendem a usá-los para manipular os outros para tornaram-se o centro das atenções. Mais além, acabam por afetar os relacionamentos sociais, profissionais ou românticos da pessoa, assim como sua habilidade em lidar com perdas ou fracassos. Esses indivíduos começam bem relacionamentos, porém, tendem a hesitar quando profundidade e durabilidade são necessários, alternando entre extremos de idealização e desvalorização. São pessoas caracterizadas pela infidelidade contumaz e inconsequente em relações amorosas.

         Com o fim de relações românticas podem buscar tratamento para depressão, embora isto não seja de forma alguma uma característica exclusiva a este transtorno. Inicialmente o TPH pode ser confundido com a mitomania. Frequentemente não conseguem visualizar sua própria situação pessoal de forma realista [...]têm problemas em lidar com a frustração. 

  • SINTOMAS: 

1.Comportamento exibicionista; 
2.Busca constante por apoio ou aprovação; 
3.Sensibilidade excessiva frente a críticas ou desaprovações; 
4.Orgulho da própria personalidade, relutância em mudar e qualquer tentativa de mudança é vista como ameaça; 
5.Aparência ou comportamento inapropriadamente sedutor ; 
6.Sintomas somatoformes, e utilização destes sintomas como meio de chamar atenção; 
7.Necessidade de ser o centro das atenções;
8.Baixa tolerância à frustração ou à demora por gratificação; 
9.Angústia provocada pela alternância de crença nas próprias mentiras insustentáveis (mitomania); 
10.Tendência em acreditar que relacionamentos são mais íntimos do que na realidade o são; 

              [...]

            É exigido pelo DSM IV-TR que o diagnóstico de quaisquer transtornos de personalidade específicos também satisfaça uma relação de critérios de transtornos de personalidade em geral. CID-10 

      A CID-10 da Organização Mundial da Saúde lista o transtorno de personalidade histriônica sob o código F60.4, sendo caracterizado por pelo menos três dos seguintes: 

1.Dramatização, teatralidade, e expressão exagerada de emoções; 
2.Busca contínua por excitação e atividades onde o paciente é o centro das atenções; 
3.Sedução inapropriada em aparência ou comportamento;
4.Busca de parceiros simultâneos; 
5.Desprezo por diagnósticos, críticas e sugestões que não coincidam com seu comportamento; 
6.Preocupação excessiva com aparência física, vestimenta e acesssórios. 
7.Em casos extremos, pode insinuar-se para depois ser receptiva ao assédio do sexo oposto, mesmo que de pessoas com pouca ou nenhuma intimidade; 
8.Inconformismo com o fim de relacionamentos, seguido de TOC -Transtorno Obsessivo Compulsivo com prevalência à obsessão pelo Déjà-vu na busca de reeditar relacionamentos que já não existem mais".

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O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (4ª edição, DSM IV-TR)

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Cecilia Meireles





Cecilia Meireles
"... Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda..."


Dia 7 de novembro de 1901, nasce na Rua da Colina, Tijuca, Rio de Janeiro. Signo: Escorpião. Signo de Água, regido por Marte e Plutão. Marte impulsiona a luta, as ações e realizações; Plutão traz perdas, transformações profundas e capacidade de se reerguer frente às intempéries.

Fica órfã muito cedo. Não chega a conhecer o pai - Carlos Alberto de Carvalho Meireles - falecido aos 26 anos, três meses antes de ela nascer. Não conheceu os irmãozinhos, Vítor, Carlos e Carmem:

"- Todos morreram antes do meu nascimento. E minha mãe (Matilde Benevides Meireles) se foi quando eu tinha apenas três anos. Fui criada por minha avó materna, Jacinta Garcia Benevides, nascida nos Açores, Ilha de São Miguel".

Essas e outras perdas ocorridas na familia dão à pequena Cecília intimidade com a morte e a certeza de que nada é para sempre. Atributos para sua reserva lírica:

"- Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: Silêncio e Solidão. Preciso deles para escrever."

Jovem, elegante e muito bonita, causa frisson quando entra na Livraria São José, no Centro do Rio, à procura de algum livro. Na roda de escritores  que frequentam a tradicional casa de livros,  olhos compridos seguem-na. Perguntam entre si o que faz a linda mulher com um livro tão pesado -  o Corão.

Entre 1919 e 1920 Cecília  conhece na redação da Revista da Semana um jovem artista plástico  português – Fernando Correia Dias – capista de primeira, ceramista, ilustrador e artista gráfico, reconhecido em Portugal e já amigo de personalidades literárias e artísticas no Brasil, como Álvaro Moreyra, Olegário Mariano, Menoti Del Picchia e Guilherme de Almeida.


Uma poeta, jovem e bela; um artista culto, viajado e sedutor. Bons personagens para uma história de amor.


Casam-se em 24 de outubro de 1922. Ela, com 20 anos, ele com 29. De novo a presença lusa na vida de Cecília. Ele faz belas ilustrações para os livros dela. Ela o presenteia com três filhas: Maria Elvira, Maria Matilde e Maria Fernanda (esta virá a ser uma famosa atriz do teatro brasileiro).



Em casa Cecília é uma mãe como as outras. Ralha, disciplina, e faz bolo coberto com calda de laranja. À noite, depois do jantar, reunidas na sala de visitas, lê histórias para as meninas (ah, ainda não havia a televisão nas nossas vidas!), pega do violão e dedilha cantigas, canta algumas, ou descreve os detalhes deste ou daquele objeto que ornamenta a casa.
Em 1934 a mulher brasileira conquista o direito ao voto. Cecília  não se encontra entre aquelas que lutaram  nas praças públicas por esse direito. Por quê? Porque é outro o seu campo de ação social. Ela está nos jornais e nas escolas. Nesse mesmo ano é chamada para dirigir o Centro Infantil, a ser instalado no Pavilhão Mourisco, em Botafogo. Vê no convite a possibilidade de  pôr em prática as ideias sobre o novo modelo de educação que tanto tem defendido na imprensa. Constrói  aí a primeira Biblioteca Infantil da cidade do Rio de Janeiro. Correia Dias transforma o porão numa cidade encantada. Ali as crianças podem afinal exercer livremente a sua imaginação em atividades criativas várias: pintura, leitura, música, desenho.



O sonho, porém, como todo sonho, não dura muito. Intrigas políticas levam ao fechamento da biblioteca. Violenta devassa, promovida pela Polícia Política do governo de Getúlio Vargas, destrói inclusive cerâmicas de inspiração marajoara criadas por Correia Dias. A explicação para  tal vandalismo: livros, considerados perigosos à educação infantil, entre eles, (pasmem!) As aventuras de Tom Sawyer, de Mark Twain.



Uma ironia, um contrassenso, acontecer isso logo com ela. Apesar de progressista, sempre fora cética demais para aderir a qualquer partido político e bastante espiritualista para deixar-se seduzir pelo marxismo. Coisas da ditadura.

Em 12 de Janeiro de 1935 está de novo em casa. Reencontra o país vivendo um clima de medo, de ameaças e perseguições. O Governo Vargas torna-se uma ditadura cruel. Retoma as atividades no Pavilhão Mourisco. Assume a cadeira de Literatura Luso-Brasileira na Faculdade de Filosofia e Letras da recém fundada Universidade do Distrito Federal.

Nos anos seguintes, viúva, sem nenhum parente, com três filhas para educar, as dificuldade econômicas exigem-lhe intenso trabalho. Dá aulas de Técnica e Critica Literária, Literatura Comparada e de Literatura Oriental na Universidade. Trabalha ainda no Departamento de Imprensa e Propaganda onde dirige a revista Travel in Brazil.

Inicio de 1939. Abre-se novo ciclo de realizações. Reorganização da vida afetiva e familiar. Conhece o médico Heitor Grilo. Casam-se em 1939.

Consagração na vida pública: Viagem é publicado em Lisboa. A poeta segue sua trajetória.


 

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

EIRA, BEIRA E TRIBEIRA.





FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
“Desrespeitando os fracos, enganando os incautos, ofendendo a vida, explorando os outros, discriminando o índio, o negro, a mulher, não estarei ajudando meus filhos a ser sérios, justos e amorosos da vida e dos outros.” Paulo Freire
Por incrível que pareça a discriminação em sentido amplo sempre esteve presente onde quer que exista pessoa na face da terra, de modo que o termo “eira” vem do latim: “area” que significa área, pedaço de terra, que os dicionaristas enfatizam como sendo um espaço geralmente plano com um chão duro, de dimensões variáveis, bem parecidos com o que chamamos de secador de açúcar bruto, por exemplo, área obrigatória e presente em todos os engenhos de moagem de cana de açúcar, cujo local também era usado para expor ao sol os cereais para depois serem batidos e peneirados, depois de colhidos com vista a separá-los da palha e de outros tipos de detritos dos grãos de cereais bons dos estragados, podres, etc. de modo que a origem da “eira” está ligada originariamente ao surgimento da agricultura na face da terra e o regular cultivo da terra com grãos de cereais, levando-se em consideração as mais variadas técnicas, ferramentais e instalações específicas¹ . O que chamamos de “eira nem beira” surgiu ante de 1500 em Portugal e significa o que chamamos de terreiro. No Brasil o termo “eira nem beira” é registrado pela primeira vez no livro “O guia dos curiosos: língua portuguesa”, de autoria de Marcelo Duarte, que menciona que as eiras e ou marquises cumpriam uma função social, tendo em vista que ali poderiam ser realizadas festas, bailes, missas, eventos públicos em geral. Então o ermo “eira” tem dois significados, o que vale dizer que pode ser o primeiro dos três arcabouços do telhado das casas e igrejas de pessoas ricas, bem como o local do tipo: secador de cereais, etc, e ou terreiro de chão batido que cerca as casas e ou engenhos.
É importante registrar a visão de mundo da Igreja no Brasil nos anos que se sucederam ao chamado "descobrimento e/ou achamento do Brasil", por Pedro Álvares Cabral em 22 de abril de 1500, pois, a descriminação étnica e racial dentro da Igreja era um verdadeiro absurdo, fedia, porém não incomodava nem o baixo e muito menos o alto clero. Tanto é assim que somente as pessoas ricas (senhores de engenhos e seus agregados por linhagem de família) que moravam em casas que tinham "eira, beira e tribeira", tinham acesso ao direito de ver com “os próprios olhos o rosto”, a imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo em seus templos. Assim sendo, por exemplo, o Jesus Cristo Crucificado (imagem), da Igreja do Mosteiro de São Bento, localizada em Olinda, Estado de Pernambuco, cuja construção primitiva data de 1599, foi colocado no andar superior (coro) daquela casa de oração (que foi destruída em 1632 com o incêndio provocado pela invasão holandesa, posteriormente reconstruída, voltou a funcionar em 1656 (ressalvando-se de que a atual Igreja de São Bento teve sua construção iniciada em 1660 e sua conclusão em 1761, ex-vi inscrição constante no óculo histórico da mesma) até os dias atuais e que é declarada como patrimônio histórico mundial pela UNESCO, juntamente com outros prédios da cidade de Olinda/Pernambuco). É importante mencionar ainda de que na parte térrea da referida Igreja/Mosteiro ficavam os pobres (se não fossem escravos) para participar apenas da missa, enquanto os negros, enquanto escravos só tinham a permissão para acompanhar e ou assistir do lado de fora da dita Igreja as ladainhas dos padres.
Enfatizamos de que fazer uma distinção em termos sociológicos, significa fazer uma discriminação social, racial, política, religiosa, sexual e até mesmo por idade, profissão, familiar, etc, o em si falando é um grande perigo para a sociedade tal entendimento, pois, podem provocar e ou mesmo levar a exclusão social de graves consequências para toda a comunidade em termos locais, nacionais e internacionais. E isso ainda encontra-se vivo na mentalidade de religiosidades do tipo homens e mulheres bombas, que fazem tudo em nome de seus “deuses”, sacrificam a própria vida, não importa aqui se tem “eira, beira e ou tribeira”, tamanho é a cegueira da discriminação praticada em pleno século XXI, era da cibernética que propicia as redes sociais para facilitar a vida das pessoas, porém também escraviza e criminaliza quem não pensar como esta gente pensa, se é que podemos chamar de gente quem assim pensa, age e faz a desgraça dos outros em todas as partes do mundo invocando um “deus do terror” e da destruição de quem não pensa, age e faz como eles. E isso, significa discriminação, escravidão e nega a Deus, o vivo e dono de tudo que somos, temos e seremos, nesta e na outra vida. É tem gente matando em nome de Alá, Jeová, Deus, Jesus, etc., todos estão errados, pois, quando falta o amor no coração do homem, aí falta a religião, sua religiosidade e portanto, jamais poderemos encontrar o que chamamos de Deus nestes tipos de religiosidades e seus adeptos.
A discriminação religiosa, política e social no Brasil Colonial estava presente em todos os lugares, por exemplo, na igreja, nas casas urbanas e rurais, pois, “[...] os ricos construíam suas casas com três acabamentos no telhado. De baixo para cima, as partes eram chamadas de eira, beira e tribeira. As casas dos pobres eram feitas apenas com tribeira. Assim, quando um filho (a) de rico queria se casar com um pobre, os pais não se conformavam: “Ora, pois! Mas a casa dele (a) não tem eira, nem beira!²”, igual comportamento em termos estruturais e formais, se repetia na arquitetura dos templos religiosos, aqui mesmo em nossa cidade de Santa Rita e em Cruz do Espirito Santo, vamos encontrar-se capelas e mais capelas construídas na Várzea do Paraíba, como por exemplo, a Capela de Nossa Senhora do Desterro (1869), cujo telhado tem “eira, beira e tribeira” ou seja, tem o telhado ou cobertura (tribeira) e abaixo dele tem a “beira” e a “eira”, o que vale dizer que o fundador Carlos Gomes de Mello, da referida capela não era uma pessoa “sem eira e sem beira”, assim a cultura popular discrimina as pessoas desde os tempos primitivos de nossa brasilidade e cuja herança cultural foi transplantada de Portugal (Europa) desde os tempos das grandes conquistas, descobertas e achamentos das terras do chamado “Novo Mundo”. Por analogia aos períodos de nossa historiografia desde os tempos da Colônia, do Império e a República Brasileira, podemos assim compreender que as “[...] pessoas sem bens, sem posses. Eira é um terreno de terra batida ou cimento onde grãos ficam ao ar livre para secar. Beira é a beirada da eira. Quando uma eira não tem beira, o vento leva os grãos e o proprietário fica sem nada. Na região nordeste este ditado tem o mesmo significado mas outra explicação. Dizem que antigamente as casas das pessoas ricas tinham um telhado triplo: a eira, a beira e a tribeira como era chamada a parte mais alta do telhado. As pessoas mais pobres não tinham condições de fazer este telhado, então construíam somente a tribeira ficando assim "sem eira nem beira³". É uma realidade cultural sempre presente em qualquer continente habitado por humanos.
De modo que Fernanda de Castro tem razão plena ao escrever sua poesia publicada in “Asa do Espaço”, em 1955, por analogia aplicável a expressão “sem eira e sem beira”, isto é como se a mesma estivesse se referindo aos detalhes constantes nas fachadas das casas, igrejas, etc próximo ao telhado das casas dos ricos, enquanto que as casas dos pobres não tinham tais detalhes, o que vale dizer que cada um desses termos tinha e ainda tem seu significado de possuir e ou não possuir dinheiro, cultura, posição social, etc., ao expressar-se: “[...] Deixem a casa velha! Que os pedreiros não lhe tirem as rugas nem as gelhas. Que não limpem de urtigas os canteiros, que lhe deixem ficar as velhas telhas. Deixem a casa velha! Que a não sujem com óleos e com tintas os pintores. Que lhe deixem as nódoas de ferrugem, os velhos musgos, as cansadas flores. Que não fiquem debaixo do cimento mais de cem anos de alegria e dor. Não lhe pintem a chuva, o sol, o vento, que a cor do tempo é assim: vaga e incolor. Que tudo fique assim, parado e absorto, no tempo sem limites, sempre igual. Ah, não, por Deus! Como se faz a um morto, não a sepultem sob terra e cal! Não fechem as janelas mal fechadas, ouçam da brisa o tímido lamento, deixem que a vida e a morte, de mãos dadas, vão com seu passo refletido e lento. Não endireitem as paredes tortas nem desatem, da aranha, os finos laços. Abram ao vento as desmanchadas portas, ouçam do tempo os invisíveis passos. Deixem que durma, quieta, ao sol do Outono, velada pela flor, o vento, a asa. Será talvez o derradeiro sono… Que importa? Morra em paz a velha casa”.
A Teologia da libertação e o entendimento dos padres da Igreja a partir do século XIX aos nossos dias de que “a terra é um dos bens de Deus e sua propriedade é de ninguém”, ainda não existia. Salvo melhor juízo a cultura de que pode mais quem tem mais se encontra enraizada e presente em todas as classes sociais, etnias, culturas, regimes políticos e religiosidades do mundo, e aqui no nosso período colonial nacional não foi diferente no espaço religioso que representava naqueles tempos a ligação entre Deus e os homens.


...................... ¹ Dicionário Enciclopédico Koogan Larousse Selecções, Porto, 3ª edição Julho de 1980.
REFERÊNCIAS: ALEX.
 Controvérsia:<http://www2.uol.com.br/JC/_2000/2210/ale2210.htm>. Recife, Jornal do Commercio On Line, 22 de outubro de 2000. Página visitada em: 05/08/2013. MARTINS, Eduardo. Onde estão a eira e a beira? In.: Revista História Viva. São Paulo: Editora Duetto, 2004. ERBETTA, Gabriela (ed.). Guia Brasil 2011. São Paulo: Abril, 2010. 528 p. ISBN 978-85-3641007-4