sábado, 10 de fevereiro de 2018





Sou eu… 
Espelho da lendária criatura 
Um mostro… 
Carente de amor e de ternura 
O alvo na mira do desprezo e da segregação 
Do pai que renegou a criação 
Refém da intolerância dessa gente 
Retalhos do meu próprio criador 
Julgado pela força da ambição 
Sigo carregando a minha cruz 
A procura de uma luz, a salvação! 

Estenda a mão meu senhor 
Pois não entendo tua fé 
Se ofereces com amor 
Me alimento de axé 
Me chamas tanto de irmão 
E me abandonas ao léu 
Troca um pedaço de pão 
Por um pedaço de céu 

Ganância veste terno e gravata 
Onde a esperança sucumbiu 
Vejo a liberdade aprisionada 
Teu livro eu não sei ler, Brasil! 
Mas o samba faz essa dor dentro do peito ir embora 
Feito um arrastão de alegria e emoção o pranto rola 
Meu canto é resistência 
No ecoar de um tambor 
Vêm ver brilhar 
Mais um menino que você abandonou 

 Oh pátria amada, por onde andarás? 
Seus filhos já não aguentam mais! 
Você que não soube cuidar 
Você que negou o amor 
Vem aprender na Beija-Flor.


Samba Enredo da Beija Flor de Nilópolis - 2018