domingo, 18 de agosto de 2013

Aqueles Dois



"Desceram juntos pelo elevador, em silêncio.


Mas quando saíram pela porta daquele prédio grande e  antigo, parecido com uma clínica ou uma penitenciária, vistos de cima pelos colegas todos postos pela janela, a camisa branca de um, a azul do outro, estavam ainda mais altos e mais altivos. Demoraram alguns minutos na frente do edifício. Depois apanharam o mesmo táxi. Ai-ai alguém gritou da janela. Mas eles não ouviram. O táxi já tinha dobrado a esquina.

Pelas tardes empoeirentas daquele resto de janeiro, quando o sol parecia a gema de um enorme ovo frito no azul sem nuvens no céu, ninguém mais conseguiu trabalhar em paz na repartição. Quase todos ali dentro tinham a nítida sensação de que seriam infelizes para sempre. E  foram". 

Caio F. Abreu



Nenhum comentário:

Postar um comentário