Romance
Aprisionado no que parece ser um hospital psiquiátrico, um homem descreve um livro - ou ao menos acredita nisso. O título é o Livro dos Esquecimentos.
Mas ele não sabe quem é. Não sabe o seu passado nem do seu futuro. Tudo o que sabe é que está perdendo a memória. É o que dizem, "o esquecimento é memorável" diz seu único amigo, o doente do quarto ao lado.
Memorável? Mas que importa? A memória não é um espaçamento imaginário do tempo? Um homem procura a si mesmo.
Um autor intenta "realizar o novo".E o resultado é a beleza. A beleza que segundo Dostoiévski, "vai salvar o mundo".
"Todo dia me desperto, mas permaneço longe da Terra. Eles devem ter aumentado a dose de veneno na veia [...]minhas velhas lembranças ressurgem quando tomo novas drogas. Será que eles aumentam a dose de veneno na veia? Lembro-me vagamente. Os esquecimentos me salvaram de mim mesmo. Quem se lembrará de mim, que perdi as lembranças?
Vivo para esquecer e não para lembrar. Eu poderia contar uma história de ficção, mas a realidade é tão absurda que tudo parece sair da minha imaginação. Antes era eu que me drogava, mas agora são eles que me drogam. Perdi a memória, mas ainda guardo lembranças.
Há tempos estou livre do meu passado. O esquecimento é fingimento do pensamento. Eles dizem que perder a memória é como estar enterrado vivo. Para mim, o esquecimento me devolveu a vontade de continuar a viver".
Pedro Maciel
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