sábado, 24 de dezembro de 2011

Natal de 1992

Lembro-me bem de todas  as festas de Natal, em especial o Natal de 1992, eu tinha 6 aninhos.  Todo fim de ano era sempre cheio de expectativas , primeiro vinham as férias e depois os preparativos para as festas de fim de ano.

Na escola, em um único período do ano, em dezembro obviamente, as professoras começavam a falar da história de Jesus. Em sala de aula eu pintava desenhos, lia passagens da bíblia, fazíamos colagens e outros diversos trabalhos em sala. Depois, aprovada como uma boa menina que sou, entregrava aos meus pais, junto a minha plaquinha de boa aluna, os desenhos, que  iam sempre de capa a frente de todas as provas e lições, um envelope cheio,  como se assim  dissesse: sou uma boa menina, passei de ano, tudo o que eu fiz está aí!


Eu na verdade não entendia porque somente no Natal, todas aquelas lições de paz, amor, fraternidade, caridade, dentre outras, tão bonitas não eram lembradas por todo o ano, já que eram tão importantes e tão frisadas!

Com exceção do mês dezembro, eu e  os coleguinhas na escola só ouvíamos falar em Jesus desta maneira: “menino(a) não faça isso porque Jesus castiga”, não que eu fosse uma criança peralta rs...mas eu confesso, que ficava sem entender...Jesus, que é tão bom, CASTIGA?! Quantas dúvidas...

Eu não gostava de pintar e não fazia nada daquilo de bom agrado, eu queria mesmo era entender o porque eu estava fazendo aquilo e escutar as hisórias, ah isso eu gostava e ainda gosto!

As lições dadas eram as seguintes: obedecer papai e mamãe, respeitar a professora, ser uma boa aluna e não brigar com os coleguinhas, para que assim fosse uma boa menina e merecedora de ganhar um presente de Papai Noel.

Ihhhhhh aí que misturou foi tudo! Papai Noel !  E a musiquinha não saia da minha cabeça: “como é que Papai Noel, não esquece de ninguém, seja rico ou seja pobre o velhinho sempre vem”

Eu até hoje, não sei como essa música ainda toca, essas e muitas outras, além daqueles picas-piscas musicais! Não gosto!
 

Passando essa fase da escola e todas as suas comemorações, as energias e o foco eram em casa! Eu ficava muito feliz, painho e mainha em casa, de recesso, oba \o/ !!

Depois eu acompanhava a agitação de organizar a casa, o jantar, chamar os familiares e todo mundo se reunia, mas ninguém parava para me contar qual o real sentido do Natal. Eu ficava indignada, não sei se eu não tinha humor ou não sabia ser criança!

E agora a parte cômica rs...Papai Noel, tudo bem! Branquinho, olhinhos azuis, gordinho, bom sujeito, com toda aquela indumentária, pontual, neve, renas, trenó... mas como ele aguentava o calor?, mas como ele podia atender todas as crianças? Eu não sabia de onde ele vinha, se do Polo Norte ou do Polo Sul rs! Certa vez fui na casa de uma senhora vizinha, que me tinha muito apreço, só para ver o  globo enorme que tinha lá e saber de onde o danado do Papai Noel vinha!  Queria me situar rs...

Eu fui criada na realidade e com adulto, daí se entende essa minha falta de humor quando criança! Minha Mãe  e meu Pai nunca me escondiam nada! Mas eu não sei o que acontecia no Natal, Mainha principalmente entrava em conflito, e um dia eu fiz aquela pergunta de praxe: “Papai Noel existe?”, por astúcia, eu perguntei bem antes do Natal e ela respondeu: Não! E eu fiquei perplexa, mas tudo bem. Mais na frente, em dezembro eu perguntei denovo, e ela respondeu meio amarela: Sim!  E eu pensei: “vai entender” rs


Naquele ano, fomos os três comprar meu presente, entramos na loja, painho ficou comigo, enquanto mainha escolheu e mandou embalar...fomos para casa, fiz todo o ritual...organizamos a casa, recebemos todos os familiares, depois disso fui dormir e esperar o Papai Noel chegar! Fiquei olhando para a janela que tinha no meu quarto e peguei no sono, mais um pouco senti mainha chegando e deixando o meu presente, para não destruir as expectativas dela, continuei fingindo que estava dormindo (tinha essa péssima mania rs!), ela desceu, eu me levantei, abri o meu presente (que eu já sabia o que era), mas toda satisfeita desci  e pedi para ir à casa de minha bisavó (minha companheira de longas conversas) . O céu estava estrelado nesse dia, eu com o presente debaixo do braço (minha ferrari, minhas barbies finalmente ficaram motorizadas rs), além do céu  olhava as casas por onde passava e via as pessoas se confraternizando, mesas enormes, muita fartura, música alta, pessoas bebendo, crianças felizes, pessoas eufóricas e outras entendiadas, mas o que mais chocava eram as crianças de rua, sem família, sem amor, sem presente e sem  nada! Senti vontade de chorar, mais me contive. Mas,  como é que toca  “como é que Papai Noel, não esquece de ninguém, seja rico ou seja pobre o velhinho sempre vem” ????
...Eu olhava aquilo com indignação, mas não falava nada, não sei se por timidez ou pelo fato de não saber me expressar.
 

Cresci  e infelizmente os mesmos hábitos continuam: o esquecimento,  a ostentação, as caridades oriundas da culpa de consciência do ano que passou e principalmente vejo que as crianças continuam sem entender o real sentido no Natal, estão confusas e cheias de fantasias desnecesárias! Pois as verdadeiras lições estão pautadas na realidade!

Que o verdadeiro Natal seja de reflexão e de renovação, que todos os ensinamentos de paz, amor, fraternidade, caridade que Jesus nos deixou  se perpetuem no decorrer de todos os anos de nossas vidas!

FELIZ NATAL A TODOS!

Em mais um dia de inspiração escrevi.
24/12/2011 - 14:25
CybelleGadelha.

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