Encravada na Microrregião do Piemonte da Borborema – ao pé da Cordilheira do mesmo nome – Guarabira é chamada Rainha do Brejo, pelo fato de ser a principal cidade-pólo de uma região que se caracteriza pela regularidade de chuvas. A cidade é privilegiada até, em sua localização geográfica. Situa-se a 98km da capital, João Pessoa; a 100 km de Campina Grande, maior cidade do interior do Nordeste; a 198 km de Natal, a capital do Rio Grande do Norte; e a menos de 250 km do Recife, a capital de Pernambuco.
Tendo como primeiros habitantes os índios Potiguaras, pôr volta do século XVI, conta hoje com uma população de 54.200 habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A fundação de Guarabira vem do ano de 1694, em terras do Engenho Morgado, pertencente a Duarte Gomes da Silveira. Seu nome, segundo alguns entendidos da língua tupi-guarani, quer dizer berço das garças. As primeiras residências, edificadas pelos portugueses e holandeses, dariam, mais tarde, origem a cidade, que em virtude de sua localização e da excelência de seu solo tornou-se dona de grande prestigio e influência nas cercanias.
Em 1755 chegava a Guarabira, José Rodrigues Gonçalves da Costa Beiriz com sua família, construindo uma capela e colocando a imagem de “Nossa Senhora da Luz” que trouxera de Portugal. Esta tornou-se a padroeira da cidade, embora o padre João Milanês já tivera construído a primeira da cidade, a capela de “Nossa Senhora da Conceição”, em 1730.
Por volta de 1830, a povoação de Guarabira apresentava os primeiros sinais de crescimento em vários setores, destacando-se os maiores progressos na agropecuária, no comércio e na indústria açucareira.
O progresso citado despertou os legisladores provinciais à necessidade de transformar a povoação em vila. Por força da lei de 29 de Novembro de 1832, foi constituído o Distrito de Paz; O Povoado foi crescendo e, em 1837, foi elevado à condição de Vila, com o nome de Independência, através da Lei Provincial n.º 17 de 7 de Abril de 1837, instalando-se efetivamente no dia 11 de novembro do mesmo ano. A paróquia de Guarabira foi fundada a 27 de abril de 1837 na época da antiga Vila de Independência.
Vinte anos depois, no dia 10 de outubro de 1857, foi criado a Comarca de Guarabira.A Comarca foi criada, a 10 de outubro de 1857, um ano após extinta, e restaurada em 1870. Novamente extinta em 1871 e definitivamente restabelecida, a 25 de Julho desse mesmo ano.
Finalmente em 26 de novembro de 1887, o presidente Francisco de Paulo Oliveira Borges, assinou, a lei 841, elevando a categoria de cidade, a Vila da Independência com a denominação de Guarabira.
Na passagem do século XIX para o século XX, o principal benefício à economia paraibana se fez notar pelo transporte ferroviário, que conjugado ao comércio fixaria importante função no fortalecimento e desenvolvimento de algumas cidades paraibanas, entre os anos de 1870 e 1920. Na Paraíba, a notável associação da estrada de ferro com o algodão, que dela se valeu para alcançar o porto de Recife, o que tornou Campina Grande um ponto estratégico, consolidando a nova condição de empório revendedor de algodão. Partindo da capital, o primeiro trem correu em 1881, chegou a pilar em 1883, Guarabira em 1884 e Cabedelo em 1889. O historiador José Otávio de Arruda Melo comentando o assunto afirma: Itabaiana, Alagoa Grande e Bananeiras constituíra outros casos típicos. Na primeira o trem apoiou a feira de gado para acarretar a urbanização, pontilhada entre 1900 e 1920, de bondes, jornais, luz elétrica, clubes e artístico coreto, com vários desses equipamentos importados do Recife. Em Alagoa Grande saraus e recitais de canto realizavam-se no teatro Santa Inês. Por seu turno consorciando café e ferrovia.Bananeiras encheu-se de praças, sobrados, casarões. Patronato agrícola e obras de drenagem de seu riacho, além de revistas e jornais. Sua elite intelectual era uma das melhores do estado (MELO, 1997, p. 161-162).
Vale ainda, segundo o mesmo, ressaltar que: Pelo oeste, a ferrovia penetrou em território paraibano, no esquema das obras contra as secas e por intermédio da Rede Viação Cearense, Através de Antenor Navarro em 1923, com extensão a Sousa em 1926, e Pombal em 1932. de Antenor, ramal alcançou Cajazeiras, também por imposição de algodão em 1926 e chegaria a patos em 1944 (op. cit., 1997, p.160).
A Vila da Independência (atual Guarabira) foi bastante beneficiada com a introdução desse traçado ferroviário. A vila tornou-se importante entreposto comercial, contribuindo dessa maneira para o seu desenvolvimento urbano. Foi nesse clima de progresso e entusiasmo que a Vila da Independência foi elevada a categoria de cidade com o nome de Guarabira. “Riquezas começaram a surgir, e da noite para o dia ergueram-se casarões e sótãos na rua da matriz e nas ruas ao redor delas. O trem de passageiros e de carga cortava a cidade, trazendo o progresso ao comércio local e toda a região polarizada pelo município de Guarabira” (MELO, 1999, p.69).
A estação de Independência foi inaugurada em 1884 pela E. F. Conde D’Eu. Foi ponta da linha que vinha desde o Recife de 1884 a 1904, quando se completou a ligação com a estação de Nova Cruz, já no Rio Grande do Norte, unindo a partir de então Recife e Natal por ferrovia. Mais tarde, o nome da estação foi alterado para o atual, Guarabira.
Poder Político – Intendentes, Conselheiros e Prefeitos
A partir de 1889, com a Proclamação da República, as câmaras municipais são dissolvidas e, em seu lugar, criado um Conselho de Intendência cujos membros eram nomeados pelo governo estadual, no qual seu presidente, o Intendente era o administrador. Antes, não havia o Conselho de Intendência e sim o Conselho Municipal, também formado pelos Vereadores, e seu presidente era quem administrava o Município. A primeira Constituição Republicana de 1891 é omissa em relação ao poder municipal deixando essa questão para as Constituições estaduais.
Com a estabilização do governo republicano, os conselhos municipais prosseguiram funcionando até 1930, exercendo apenas funções legislativas, quando foram fechadas pelo governo de Getúlio Vargas.
Continua a existir, na maioria das vezes, no entanto, uma coincidência entre o cargo de intendente e o de presidente da Câmara(ou Conselho Municipal), conquanto ele agora seja um líder comum para dois poderes distintos, o executivo e o legislativo, tendo sob seu poder, portanto, duas máquinas independentes uma da outra. Designado pelo presidente de cada estado da federação, o intendente, sendo muitas vezes presidente do corpo legislativo municipal, continuava a ser eleito, primeiro, por seus pares, vereadores.
Na Paraíba, o Governador Venâncio Neiva, ao decretar a dissolução das antigas Câmaras Municipais do Império, criou os Conselhos de Intedência Municipal com as atribuições administrativas destas. Os Conselhos eram compostos por três membros titulares e igual número de suplentes. Para Guarabira, no ano de 1890, foram nomeados os seguintes intendentes: José Maria de Andrade (presidente); Firmino Alves Pequeno (Vice-presidente), Francisco de Paiva Ferreira (1ºsecretário).
Esses cidadãos negociaram coletivamente suas funções em 1891 e foram substituídos por novos titulares, sendo eles: José Álvares Pragana (presidente); José Severino de Araújo Benevides (vice-presidente) e José Leônidas (1º secretário).
Dado a instabilidade dos primeiros anos do regime republicano, essas instituições eram facilmente dissolvidas, surgiram outras com idênticas finalidades administrativas. Foi o que ocorreu com os Conselhos de Intendências, que foram substituídos pelos Conselhos Municipais logo após a promulgação da Constituição em 24 de fevereiro de 1981.
A primeira eleição para a escolha de conselheiros municipais, realizou-se no dia 9 de abril de 1893. Devem ter sido escolhidos os membros que fizeram parte da última mesa da Câmara Municipal foram, na época de sua extinção. Os possíveis membros para constituírem o Conselho Municipal foram: Olímpio Nunes Pereira, Joaquim da Costa Farias, Moisés Pereira Martins e José Mendes da Silva.
O cargo de Prefeito Municipal foi criado pelo Presidente Álvaro Machado, através da lei 27, de março de 1895. Anteriormente a administração municipal estava confiada ao Conselho Municipal. A 25 de outubro de 1890 uma lei declarava extinto o cargo de Prefeito Municipal e determinava o retorno à situação anterior, com a administração confiada ao Conselho Municipal.
A Lei nº 221, de 14 de novembro de 1904, restaura definitivamente a função executiva municipal, ato assinado pelo governo do presidente Álvaro Machado, com seu regresso ao poder da Provincia.
Os primeiros prefeitos que exerceram o cargo no período entre 1896/1935 foram nomeados pelo governo provincial. Naturalmente escolhido entre as elites mais proeminentes do Município.
O primeiro prefeito nomeado pelo governador foi o coronel Francisco Joaquim de Andrada Moura (Cel. Quincas Moura). Tomou posse no dia 24 de janeiro de 1896, deixando o cargo em 1900 quando o cargo de prefeito foi extinto.
Restaurado o cargo de Prefeito, foi escolhido o Sr. Manoel Simões para administrar Guarabira. Foi nomeado em 1905 e ficou à frente da Prefeitura Municipal até o ano de 1909. Sua maior preocupação foi aterrar a lagoa central da cidade, já que o impaludismo atacava a população e o mosquito infectava as suas águas. O seu sucessor, o médico Luís Galdino Sales, continuou o aterro da lagoa central, concluindo a obra de seu antecessor. Seu grande trabalho foi tornar as ruas da cidade transitáveis em dias de inverno, mantendo sempre limpa os arredores da lagoa aterrada e adjacências.
Sucedeu-lhe no cargo o coronel João de Farias Pimentel, que administrou o município entre os anos de 1912 a 1915. Proprietário do engenho Espinho, no distrito de Cuiteji, foi membro da Guarda Nacional, ocupando a função de Coronel. O mesmo era pai do ex-prefeito João de Farias Pimentel Filho e avô do ex-prefeito e ex-deputado Jáder Pimentel.
Entre os anos de 1915/1918 exerceu o cargo de prefeito de Guarabira, um dos mais destacados comerciantes da cidade, sendo proprietário do magazine “Pai da Pátria”, loja mais sofisticada do centro da cidade. Foi dele o primeiro automóvel da cidade, um Ford luxuoso e confortável.
O Dr. Manoel Lordão, médico natural de Campina Grande, governou o município entre os anos de 1918 a 1920. Tornou-se major da Guarda Nacional e proprietário rural, cujas terras localizavam-se próximo à sede municipal. A rua, que hoje ocupa seu nome, chamada “Boi Chôco”, uma parte deste perímetro urbano lhe pertenceu por muitos anos. O mesmo foi assassinado no ano de 1926, vítima de uma emboscada quando chegava em sua casa.
Seu sucessor foi o coronel Osório de Aquino, líder político mais antigo do município. Próspero pecuarista e fazendeiro, o coronel Osório, que foi casado com Maria de Sá e Benevides, do município, conseguiu tornar seu filho Osmar no melhor bacharel em Direito de Guarabira e no maior representante do povo brejeiro, na Câmara Federal.
O Dr. Antônio Galdino Guedes substituiu o Cel. Osório de Aquino, em 1923. Em 1924, licenciou-se ocupando o seu lugar o Vice-Prefeito, Dr. Amaro Guedes Beltrão, até o seu regresso à prefeitura, em 1925.
No período de 1925 a 1929, administrou o município, sendo um dos mais arrojados administradores do município. Nascido em Cachoeira, povoação pertencente a Guarabira, descendente da família mais conhecida da região. Antonio Guedes foi Deputado Provincial, na década de 1930, juiz Federal do Trabalho jornalista e escritor. Escreveu artigos magistrais na imprensa paraibana, destacando-se em ter divulgado alguns capítulos da História de Guarabira, em 1917, no Gabinete de Estudinhos de Geografia e História da Paraíba – GEGHP. Foi o homem de maior projeção no cenário político da Paraíba, na década de 1930. Ocupou o governo do Estado, em 1940, na qualidade de Interventor.
Nos anos seguintes entre 1929/1931, exerceu o cargo de Prefeito, o Sr. Sebastião Bezerra Bastos. Comerciante antigo de Guarabira, um dos fundadores da associação dos Empregados do Comércio de Guarabira, hoje Clube Recreativo Guarabirense, tendo sido seu primeiro Presidente. Logo em seguida, para o período de 1931/1939, sucedeu-lhe no cargo o Dr. Luciano Varedas.
Encerrando o período em estudo, destacamos ainda a administração do Sr. José Tertuliano Ferreira de Melo, nascido em Pedra Lavrada-PB, a 26 de abril de 1888. Mesmo sem ter estudos superiores, escrevia muito bem, sendo um dos poetas de projeção, ao lado de Zé da Luz.
Publicou entre outros, os livros: Fagulhas D’Alma, Vinte e Quatro horas, Em La Menor e História de Ágaba (1923). Entre suas principais obras, podemos destacar: a construção da antiga praça João Pessoa e o Prédio e o prédio da Prefeitura Municipal, hoje restaurado.
O Santuário de Frei Damião, situado em Guarabira (Paraíba), é um projeto arquitetônico composto de um museu e uma estátua, em homenagem ao frade capuchinho Frei Damião de Bozzano, um missionário do Nordeste brasileiro. Atualmente é considerada a segunda maior estátua do Brasil.
A inauguração, em dezembro de 2004, contou com a presença de mais de 50 mil fiéis. Foram realizadas parcerias entre a Diocese de Guarabira, a prefeitura de Guarabira e o governo do estado da Paraíba em sua edificação.
O santuário foi projetado pelo Arquiteto Alexandre Azedo. A construção da obra foi iniciada em 27 de março de 2000. O santuário foi arquitetado pela Diocese de Guarabira e também foram muito importantes para a sua construção, a então prefeita de Guarabira (2000) Léa Toscano, e seu esposo o deputado estadual Zenóbio Toscano.
O local foi transformado em santuário através de um decreto emitido pelo então Administrador Apostólico Dom Jaime Vieira em 2007, tendo como primeiro reitor o padre Gaspar Rafael Nunes.
O santuário fica situado em Guarabira, no Piemonte da Borborema, a 98 quilômetros da capital do estado, João Pessoa, no estado da Paraíba, na Serra da Jurema (Nome denominado ao pico onde se encontra o Memorial).
A principal atração do Santuário é a estátua do Frei Damião que tem cerca de 34 metros de altura e pode ser vista de qualquer ponto da cidade. Do alto da Serra da Jurema, é possível ver toda a cidade, e algumas cidades próximas situadas num raio de 50 quilômetros. O monumento possui ainda um museu,que foi montado com a consultoria da Fundação Joaquim Nabuco, casa de ex-votos, praça de celebração, capela e Via Sacra. O museu do Santuário de Frei Damião além de objetos pessoais, fotografias e artigos religiosos dispõe ainda de várias estátuas em tamanho natural, as quais reproduzem aspectos da vida do Santo das Missões. Por decreto da lavra do Administrador Apostólico da Diocese de Guarabira, Dom Jaime Vieira Rocha, o Memorial de Frei Damião, no final de 2007, foi elevado à categoria de Santuário Diocesano. Com a medida lá podem ser realizados casamentos e batizados.
Acesso: Os dois acessos ao Santuário são pavimentados e iluminados. Do alto, pode-se ver toda a cidade de Guarabira. Ao longo do percurso, é possível ver todas as estações da Via Crucis, fruto do trabalho de artesões locais, além do Cruzeiro, que foi erguido bem antes do Memorial, na década de 60.
Posição: Com aproximadamente 34 metros de altura o memorial atrai turistas de vários locais e é a 2º maior estatua do brasil, perdendo o mesmo pra o Cristo Redentor.