quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Cecilia Meireles





Cecilia Meireles
"... Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda..."


Dia 7 de novembro de 1901, nasce na Rua da Colina, Tijuca, Rio de Janeiro. Signo: Escorpião. Signo de Água, regido por Marte e Plutão. Marte impulsiona a luta, as ações e realizações; Plutão traz perdas, transformações profundas e capacidade de se reerguer frente às intempéries.

Fica órfã muito cedo. Não chega a conhecer o pai - Carlos Alberto de Carvalho Meireles - falecido aos 26 anos, três meses antes de ela nascer. Não conheceu os irmãozinhos, Vítor, Carlos e Carmem:

"- Todos morreram antes do meu nascimento. E minha mãe (Matilde Benevides Meireles) se foi quando eu tinha apenas três anos. Fui criada por minha avó materna, Jacinta Garcia Benevides, nascida nos Açores, Ilha de São Miguel".

Essas e outras perdas ocorridas na familia dão à pequena Cecília intimidade com a morte e a certeza de que nada é para sempre. Atributos para sua reserva lírica:

"- Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: Silêncio e Solidão. Preciso deles para escrever."

Jovem, elegante e muito bonita, causa frisson quando entra na Livraria São José, no Centro do Rio, à procura de algum livro. Na roda de escritores  que frequentam a tradicional casa de livros,  olhos compridos seguem-na. Perguntam entre si o que faz a linda mulher com um livro tão pesado -  o Corão.

Entre 1919 e 1920 Cecília  conhece na redação da Revista da Semana um jovem artista plástico  português – Fernando Correia Dias – capista de primeira, ceramista, ilustrador e artista gráfico, reconhecido em Portugal e já amigo de personalidades literárias e artísticas no Brasil, como Álvaro Moreyra, Olegário Mariano, Menoti Del Picchia e Guilherme de Almeida.


Uma poeta, jovem e bela; um artista culto, viajado e sedutor. Bons personagens para uma história de amor.


Casam-se em 24 de outubro de 1922. Ela, com 20 anos, ele com 29. De novo a presença lusa na vida de Cecília. Ele faz belas ilustrações para os livros dela. Ela o presenteia com três filhas: Maria Elvira, Maria Matilde e Maria Fernanda (esta virá a ser uma famosa atriz do teatro brasileiro).



Em casa Cecília é uma mãe como as outras. Ralha, disciplina, e faz bolo coberto com calda de laranja. À noite, depois do jantar, reunidas na sala de visitas, lê histórias para as meninas (ah, ainda não havia a televisão nas nossas vidas!), pega do violão e dedilha cantigas, canta algumas, ou descreve os detalhes deste ou daquele objeto que ornamenta a casa.
Em 1934 a mulher brasileira conquista o direito ao voto. Cecília  não se encontra entre aquelas que lutaram  nas praças públicas por esse direito. Por quê? Porque é outro o seu campo de ação social. Ela está nos jornais e nas escolas. Nesse mesmo ano é chamada para dirigir o Centro Infantil, a ser instalado no Pavilhão Mourisco, em Botafogo. Vê no convite a possibilidade de  pôr em prática as ideias sobre o novo modelo de educação que tanto tem defendido na imprensa. Constrói  aí a primeira Biblioteca Infantil da cidade do Rio de Janeiro. Correia Dias transforma o porão numa cidade encantada. Ali as crianças podem afinal exercer livremente a sua imaginação em atividades criativas várias: pintura, leitura, música, desenho.



O sonho, porém, como todo sonho, não dura muito. Intrigas políticas levam ao fechamento da biblioteca. Violenta devassa, promovida pela Polícia Política do governo de Getúlio Vargas, destrói inclusive cerâmicas de inspiração marajoara criadas por Correia Dias. A explicação para  tal vandalismo: livros, considerados perigosos à educação infantil, entre eles, (pasmem!) As aventuras de Tom Sawyer, de Mark Twain.



Uma ironia, um contrassenso, acontecer isso logo com ela. Apesar de progressista, sempre fora cética demais para aderir a qualquer partido político e bastante espiritualista para deixar-se seduzir pelo marxismo. Coisas da ditadura.

Em 12 de Janeiro de 1935 está de novo em casa. Reencontra o país vivendo um clima de medo, de ameaças e perseguições. O Governo Vargas torna-se uma ditadura cruel. Retoma as atividades no Pavilhão Mourisco. Assume a cadeira de Literatura Luso-Brasileira na Faculdade de Filosofia e Letras da recém fundada Universidade do Distrito Federal.

Nos anos seguintes, viúva, sem nenhum parente, com três filhas para educar, as dificuldade econômicas exigem-lhe intenso trabalho. Dá aulas de Técnica e Critica Literária, Literatura Comparada e de Literatura Oriental na Universidade. Trabalha ainda no Departamento de Imprensa e Propaganda onde dirige a revista Travel in Brazil.

Inicio de 1939. Abre-se novo ciclo de realizações. Reorganização da vida afetiva e familiar. Conhece o médico Heitor Grilo. Casam-se em 1939.

Consagração na vida pública: Viagem é publicado em Lisboa. A poeta segue sua trajetória.


 

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