Cecilia Meireles
"... Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda..."
Dia 7 de novembro de 1901, nasce na Rua da Colina, Tijuca, Rio de Janeiro. Signo: Escorpião. Signo de Água, regido por Marte e Plutão. Marte impulsiona a luta, as ações e realizações; Plutão traz perdas, transformações profundas e capacidade de se reerguer frente às intempéries.
Fica órfã muito cedo. Não chega a conhecer o pai - Carlos Alberto de Carvalho Meireles - falecido aos 26 anos, três meses antes de ela nascer. Não conheceu os irmãozinhos, Vítor, Carlos e Carmem:
"- Todos morreram antes do meu nascimento. E minha mãe (Matilde Benevides Meireles) se foi quando eu tinha apenas três anos. Fui criada por minha avó materna, Jacinta Garcia Benevides, nascida nos Açores, Ilha de São Miguel".
Essas e outras perdas ocorridas na familia dão à pequena Cecília intimidade com a morte e a certeza de que nada é para sempre. Atributos para sua reserva lírica:
"- Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: Silêncio e Solidão. Preciso deles para escrever."
Jovem,
elegante e muito bonita, causa frisson quando entra na
Livraria São José, no Centro do Rio, à procura de algum livro. Na roda de
escritores que frequentam a tradicional casa de livros, olhos
compridos seguem-na. Perguntam entre si o que faz a linda mulher com um livro
tão pesado - o Corão.
Entre
1919 e 1920 Cecília conhece na redação da Revista da Semana um
jovem artista plástico português – Fernando Correia Dias – capista
de primeira, ceramista, ilustrador e artista gráfico, reconhecido em Portugal e
já amigo de personalidades literárias e artísticas no Brasil, como Álvaro
Moreyra, Olegário Mariano, Menoti Del Picchia e Guilherme de Almeida.
Uma
poeta, jovem e bela; um artista culto, viajado e sedutor. Bons personagens para
uma história de amor.
Casam-se
em 24 de outubro de 1922. Ela, com 20 anos, ele com 29. De novo a presença lusa
na vida de Cecília. Ele faz belas ilustrações para os livros dela. Ela o
presenteia com três filhas: Maria Elvira, Maria Matilde e Maria Fernanda (esta
virá a ser uma famosa atriz do teatro brasileiro).
Em casa
Cecília é uma mãe como as outras. Ralha, disciplina, e faz bolo coberto com
calda de laranja. À noite, depois do jantar, reunidas na sala de visitas, lê
histórias para as meninas (ah, ainda não havia a televisão nas nossas vidas!),
pega do violão e dedilha cantigas, canta algumas, ou descreve os detalhes deste
ou daquele objeto que ornamenta a casa.
Em 1934 a
mulher brasileira conquista o direito ao voto. Cecília não se
encontra entre aquelas que lutaram nas praças públicas por esse
direito. Por quê? Porque é outro o seu campo de ação social. Ela está nos
jornais e nas escolas. Nesse mesmo ano é chamada para dirigir o Centro
Infantil, a ser instalado no Pavilhão Mourisco, em Botafogo. Vê no convite a
possibilidade de pôr em prática as ideias sobre o novo modelo de
educação que tanto tem defendido na imprensa. Constrói aí a primeira
Biblioteca Infantil da cidade do Rio de Janeiro. Correia Dias transforma o
porão numa cidade encantada. Ali as crianças podem afinal exercer livremente a
sua imaginação em atividades criativas várias: pintura, leitura, música,
desenho.
O sonho,
porém, como todo sonho, não dura muito. Intrigas políticas levam ao fechamento
da biblioteca. Violenta devassa, promovida pela Polícia Política do governo de
Getúlio Vargas, destrói inclusive cerâmicas de inspiração marajoara criadas por
Correia Dias. A explicação para tal vandalismo: livros, considerados
perigosos à educação infantil, entre eles, (pasmem!) As aventuras de
Tom Sawyer, de Mark Twain.
Uma
ironia, um contrassenso, acontecer isso logo com ela. Apesar de progressista,
sempre fora cética demais para aderir a qualquer partido político e bastante
espiritualista para deixar-se seduzir pelo marxismo. Coisas da ditadura.
Em 12 de Janeiro de 1935 está de novo em casa. Reencontra o país vivendo um clima de medo, de ameaças e perseguições. O Governo Vargas torna-se uma ditadura cruel. Retoma as atividades no Pavilhão Mourisco. Assume a cadeira de Literatura Luso-Brasileira na Faculdade de Filosofia e Letras da recém fundada Universidade do Distrito Federal.
Nos anos seguintes, viúva, sem nenhum parente, com três filhas para educar, as dificuldade econômicas exigem-lhe intenso trabalho. Dá aulas de Técnica e Critica Literária, Literatura Comparada e de Literatura Oriental na Universidade. Trabalha ainda no Departamento de Imprensa e Propaganda onde dirige a revista Travel in Brazil.
Inicio de 1939. Abre-se novo ciclo de realizações. Reorganização da vida afetiva e familiar. Conhece o médico Heitor Grilo. Casam-se em 1939.
Consagração na vida pública: Viagem é publicado em Lisboa. A poeta segue sua trajetória.
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