domingo, 29 de maio de 2016

SER QUEM REALMENTE SOMOS - S0REN KIERKEGAARD (1813 - 1855)


Abordagem: Existencialismo

Antes: Século V a.C. Sócrates afirma que a chave para a felicidade é descobrir o "verdadeiro eu"

Depois:
1879 Wilhelm Wundt faz da autoanálise uma abordagem à pesquisa psicológica.

1939 John B. Watson desencoraja a prática da autoanálise na psicologia e afirma que "a introspecção não é parte essencial do método".

1951 Carl Rogers publica "Terapia centrada no cliente" e, em 1961, "Tornar-se pessoa".

1960 O livro "eu" dividido, de R. D. Laing, redefine o termo "loucura" e propõe análise existencial de conflitos internos como terapia.

1996 Rollo May baseia seu livro o significado da ansiedade na obra "O conceito da Ansiedade" de Kierkegaard.


A questão fundamental "quem sou eu?" vem sendo estudada desde a Grécia antiga. Sócrates (470 - 399 a.C.) acreditava que a função central da filosofia era tornar o indivíduo mais feliz por meio da autoanálise e do autoconhecimento e proferiu a famosa frase "uma vida irrefletida não vale a pena ser vivida".
O desespero humano publicado por Soren Kierkegaard em 1849, oferece a autoanálise como ferramenta para entender o problema do "desespero", que ele considerava derivar não da depressão, mas da alienação do "eu".


Kierkegaard classificou diversos graus do desespero.  O mais baixo, e mais frequente, é o resultado da ignorância: o indivíduo tem uma ideia equivocada sobre o que o "eu" significa e não tem a menor consciência da existência ou da natureza do seu "eu" potencial.

Essa ignorância é quase uma bênção e tão inconsequente que Kierkegaard não estava certo se deveria ser classificada como desespero. 

O verdadeiro desespero ocorre, dizia ele, quando se tem mais consciência de si; os graus mais profundos de desespero derivam de uma aguda consciência do "eu" aliada a uma profunda aversão por esse "eu".

Quando algo dá errado, por exemplo quando um indivíduo fracassa numa prova de doutorado, ele aparentemente se desespera porque perdeu algo. Mas numa análise mais atenta, segundo Kierkegaard, torna-se óbvio que o homem não está desesperado por causa do fato (fracassar na prova), mas por causa de si mesmo. O "eu" que não conseguiu alcançar os eu objetivo torna-se intolerável.

O indivíduo desejava tornar-se um "eu" diferente (um doutor), mas agora está preso a um "eu". 

A ambição desmedida por poder de Napoleão, representando nessa pintura como um estudante, levou-o a perder de vista o seu verdadeiro "eu" e a consciência das limitações humanas e a se entregar ao desespero.


Abandonando o verdadeiro "eu"

Kierkegaard tomou como exemplo um homem que queria tornar-se imperador e demonstrou que, por ironia, mesmoq ue ele conseguisse alcançar os eu objetivo, teria na verdade abandonado o seu antigo "eu". Tanto em seu desejo quanto em sua conquista, ele queria "livrar-se" de si mesmo.

Essa negação do "eu" é dolorosa: é avassalador o desespero de um homem que quer se afastar de si, que "não possui a si mesmo; que não é ele mesmo".

Não obstante, Kierkegaard propunha uma solução. Concluiu que um homem poderia sentir a paz e a harmonia internas se tivesse coragem de ser seu verdadeiro "eu", em vez de querer ser outro. 

"Querer ser quem se é realmente é na verdade o oposto de desespero", declarou.
Kierkegaard acreditava que o desespero desaparece quando paramos de negar quem realmente somos e aceitamos a nossa verdadeira natureza.

A ênfase de Kierkegaard na responsabilidade do indivíduo e na necessidade de que esse encontre a sua verdadeira essência e seu propósito de vida é considerada por muitos como o primeiro passo da filosofia existencialista.

As ideias de Kierkegaard conduzem diretamente à terapia existencial de R. D. Laing e influenciaram as terapias humanistas praticadas por psicólogos clínicos como Carl Rogers.

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The psychology book
O livro da psicologia / tradução Clara M. Hermeto e Ana Luisa Martins. -- São Paulo: Globo, 2012.




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